sábado, 5 de dezembro de 2009

Governo brasileiro saúda participação alemã na licitação para trem-bala

Durante viagem de trem-bala na Alemanha, ministra Dilma Rousseff falou sobre licitação para linha ferroviária de alta velocidade no Brasil. Presidente da Siemens do Brasil explica vantagem do modelo de sua companhia.


Na recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Alemanha, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, acompanhou o chefe de Estado brasileiro durante viagem de Berlim a Hamburgo no trem Intercity-Express (ICE), o trem de alta velocidade fabricado pela empresa alemã Siemens.
Em entrevista coletiva concedida durante a viagem, Rousseff disse que o investimento previsto para a instalação do primeiro trecho ferroviário de alta velocidade no Brasil é de 13,6 bilhões de euros e que a lista de concorrentes para a licitação, que deverá acontecer no primeiro trimestre de 2010, já é robusta.
"Temos vários interessados: a Bombardier [canadense]; a Siemens [alemã]; os japoneses, com sua tecnologia; os coreanos, que através da transferência de tecnologia desenvolveram a sua; os franceses, com a Alstom, e os chineses", revelou Rousseff.

Licitação de alta velocidade
Segundo dados do governo brasileiro, a região por onde passará o trajeto do primeiro trem-bala brasileiro concentra 45% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 36 milhões de habitantes. O trecho ferroviário interligará as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
De acordo com a ministra, o governo irá participar de forma minoritária na implantação do trem de alta velocidade. "Vamos participar com o equivalente a impostos e a desapropriações. Esses valores, expressos em reais e transformados em ações, são a nossa participação no projeto", disse Rousseff.
A concorrência será definida levando em consideração a tarifa mais baixa e o menor valor de empréstimo por parte do governo brasileiro. Segundo a ministra da Casa Civil, também será exigida a transferência de tecnologia: "Por um motivo muito simples: esse é o primeiro trem e há outras possibilidades de construção de trens de alta velocidade no Brasil, como as linhas São Paulo-Curitiba, Brasília-Belo Horizonte e Belo Horizonte-Rio de Janeiro. Quem tiver essa parceria conosco é também candidato a transferir a tecnologia de metrô e a fazer outros projetos".
A ministra explicou que o modelo tecnológico do trem-bala brasileiro ainda não foi definido. "O que nós oferecemos é um estudo de demanda, um estudo de traçado e uma elaboração econômico-financeira", relatou. Quanto à tecnologia alemã, a ministra da Casa Civil preferiu não fazer comentários sobre as características do modelo alemão e limitou-se a declarar: "Queremos que eles [os alemães] participem do leilão".

Tecnologia alemã
Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, o presidente da Siemens do Brasil, Adilson Primo, revelou que a proposta da empresa alemã para a licitação brasileira seria o modelo da família de trens Siemens Velaro, o mais moderno oferecido atualmente pela companhia. "É o trem mais rápido do mundo hoje em operação comercial, que é o trecho Madri-Barcelona, que opera a 350 quilômetros por hora e com segurança", disse.
Atualmente, inúmeros trens fabricados pela Siemens operam comercialmente na Europa, na China e na Rússia. "Nas últimas seis concorrências das quais participamos, na Europa e na Ásia, acabamos mostrando que esse projeto é muito competitivo, pois ganhamos cinco concorrências", revelou o presidente da subsidiária brasileira da empresa.

Vantagem ecológica
Segundo Adilson Primo, o fator diferencial do modelo alemão estaria em sua competitividade. "Ele tem tração distribuída, o que permite menos esforços nas partes mecânicas e um ganho de 20% no número de passageiros".
Em um deslocamento de 100 quilômetros, o Siemens Velaro gasta 0,33 litro de combustível por passageiro. "Então, é um trem altamente econômico", destacou Primo, salientado a vantagem ecológica do modelo de sua empresa.
"Para o traçado que o Brasil definiu, Rio de Janeiro-Campinas-São paulo, seria o modelo ideal", concluiu. Ele informou ainda que o prazo previsto para a implantação do trem de alta velocidade fabricado pela empresa alemã seria de seis anos, do início das obras à primeira viagem.

Autora: Cris Vieira
Revisão: Carlos Albuquerque

Artigo da Deutsche Welle: www.dw-world.de/brasil